O PPGS_Fafich possui ações com importante impactos sociais, econômicos e políticos, nas seguintes áreas:
i) Formulação e implementação de políticas públicas
a) O Programa, por meio de um de seus grupos, o Centro de Estudos Urbanos (CEURB), ligado à linha de pesquisa “Espaços e sociedades: desigualdades urbanas e ambientais", participou dos processos de formulação e avaliação de políticas públicas ligadas à mobilidade urbana inclusiva das cidades de Belo Horizonte e de Contagem (região metropolitana). Tal ação atende diretamente ao quarto objetivo do Programa, qual seja, de promover interfaces entre a academia, o Estado e a sociedade civil, gerando conhecimento para contribuir, desenvolver e avaliar políticas públicas. Atende também ao primeiro objetivo, de promover conhecimento sociológico socialmente referenciado e contemporaneamente relevante. b) Tal ação contou com três pesquisadoras docentes integrantes do CEURB e do Programa, com participantes do grupo do CNPq de Mobilidades e Acessibilidades Urbanas e com oito discentes de pós-graduação e graduação, que receberam bolsas. c) A equipe contribuiu para a formulação do Plano Local de Mobilidade Limpa, que busca melhorar as condições de sustentabilidade do centro da cidade a partir do fomento de projetos de mobilidade ativa. Foram inseridos critérios de acessibilidade para pedestres, com especial ênfase nas pessoas idosas e pessoas com deficiência. Também houve ativa participação da equipe na Revisão dos indicadores do Eixo “Cidade Sustentável”, dentro do Plano de Mobilidade de Belo Horizonte, no marco do Observatório da Mobilidade e do Conselho de Política de Mobilidade Urbana da Prefeitura de Belo Horizonte. Nessa empreitada, foram incluídos indicadores que reconhecem as demandas de grupos mais vulneráveis, especialmente de mulheres, pessoas idosas, crianças e pessoas com deficiência. O grupo também participou da avaliação do avanço dos indicadores correspondentes ao ODS 11 (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas), no marco do Observatório do Milênio. No caso de Contagem, uma das docentes participantes coordenou o grupo de mobilização social que desenvolveu a estratégia de participação social para a formulação da política habitacional de interesse social para a Cidade de Contagem. d) A parceria com a prefeitura de Belo Horizonte acontece desde 2014, quando da primeira ação do CEURB, que consistia na elaboração de diagnóstico da situação atual das práticas, experiências e significados da mobilidade urbana dos idosos que usam o transporte público municipal. Tal diagnóstico serviu de base para construir de forma participativa com a população idosa os delineamentos para a formulação da política pública de promoção do exercício do direito à cidade a partir de medidas que fomentassem o desenho universal dos ônibus, do BRT e do metrô, permitindo o acesso e o uso seguro e confortável dos diferentes veículos de transporte público da cidade. Os diagnósticos na cidade de Contagem começaram em 2024 e contaram com financiamento do projeto pela própria Prefeitura do referido município, evidenciando o interesse de continuidade da parceria estabelecida. Há cerca de 10 anos, a docente Ana Marcela Ardila, principal integrante do Programa nestas frentes, representa a academia no Observatório de Mobilidade (ObsMob-BH) e no Conselho de Mobilidade Urbana de Belo Horizonte (Comurb).
ii) Gestão pública e não-governamental com impactos sociais e econômicos
a) Como exemplo emblemático do impacto do Programa para a gestão não governamental, cumpre destacar a atuação da linha “Economias, organizações e desigualdades”, desde 2020, no monitoramento da situação socioeconômica e ambiental de comunidades de pescadores artesanais da Bacia de Campos, que se dá no âmbito do Projeto de Educação Ambiental PEA-PESCARTE, no estado do Rio de Janeiro. Tal ação atende diretamente ao quarto objetivo do Programa, qual seja, de promover interfaces entre a academia, o Estado e a sociedade civil, e ao terceiro objetivo, a saber, de promover a cooperação acadêmica entre docentes, discentes e pesquisadores, no âmbito regional e nacional, inserindo-se e fortalecendo redes colaborativas na produção de conhecimento. B) As iniciativas são conduzidas principalmente por dois docentes permanentes do Programa e incluíram: quatro estudantes de iniciação científica, um pesquisador de pós-doutorado, dois mestrandos e dois doutorandos; todos, com exceção dos doutorandos, com bolsas financiadas pelo projeto. C) O PEA-Pescarte tem, entre seus objetivos, intervenções que levem à formação de capital social nas comunidades de pesca artesanal dos municípios da Bacia de Campos e geração de emprego (posições ocupacionais) e renda para pescadores e pescadoras artesanais que têm enfrentado os impactos da extração de óleo e gás. A equipe vinculada ao Programa tem, dentro do projeto, duas participações principais, quais sejam, colaborar, através de instrumentos derivados das análises de redes, entre outros, com a formação de capital social nas comunidades, e fazer o monitoramento e a avaliação de impactos do projeto nas comunidades. Faz-se, assim, visitas de campo e a produção de dados quantitativos e qualitativos utilizados pela Petrobras para tomar decisões sobre as ações de reparação. O Programa tem atuado, assim, assessorando a administração pública municipal – através de diferentes secretarias, em particular de meio-ambiente e de desenvolvimento social –, o setor empresarial – como as cooperativas de pesca – e a sociedade civil, como colônias de pescadores e sindicatos de trabalhadores, promovendo uma intervenção socioeconômica eficaz e de desenvolvimento sustentável. D) As atividades envolvendo o PESCARTE são parte das ações decorrentes do Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público Federal, assinado pela Petrobras. São coordenadas pela Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), e supervisionadas pelo IBAMA. A equipe do Programa já havia sido mobilizada para desenvolver atividades semelhantes no Projeto Brumadinho (realizado no quadriênio anterior), bem como em outras frentes de reparação em localidades fortemente dependentes e impactadas por atividades extrativistas e de produção de energia. O Programa também foi convidado a colaborar com o monitoramento de longo prazo do reassentamento das comunidades impactadas pela Usina Hidrelétrica de Irapé, construída pela CEMIG, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. A colaboração no PESCARTE foi renovada por mais 5 anos (a serem findados em dezembro de 2029). O conhecimento decorrente desta atuação levou a uma negociação (em andamento) com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do município de Itabirito e com a mineradora Vale, que está assinando convênio para a proposição de um novo projeto.
iii) Programas para educação básica
A) Como ação envolvendo a Educação Básica, podemos citar o papel-chave dos docentes da Pós-graduação na condução de disciplinas da Licenciatura e do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), que possibilita aos discentes dos cursos de licenciaturas das instituições federais de ensino, logo na primeira metade da graduação, uma aproximação mais direta com a Educação Básica pública. Essa iniciativa, que conta com a colaboração de docentes de todas as linhas do Programa (em revezamento), se relaciona com o segundo objetivo da Pós, qual seja, de fornecer capacitação de excelência em pesquisa sociológica, com ênfase na interdisciplinaridade e em metodologias consolidadas e inovadoras de produção e análise de dados. Também reflete o primeiro objetivo, de promover a produção de conhecimento sociológico inovador, socialmente referenciado e contemporaneamente relevante, sobretudo ao treinar licenciandos do curso de Ciências Sociais como professores-pesquisadores, ou seja, com a habilidade de traduzir problemas concretos em perguntas de pesquisa e dados de investigação em diagnósticos sobre a realidade social. Com isso, atinge-se também o quinto objetivo do Programa, de democratizar e divulgar o conhecimento. B) Os docentes do Programa também ministram disciplinas na Licenciatura de Ciências Sociais, como Laboratório de Ensino de Sociologia 1 e 2 e Elaboração de Programa de Sociologia para Nível Médio, que contam com alunos da pós-graduação fazendo estágios de docência e participando de bancas de avaliação de aulas que discentes da graduação preparam. C) O impacto do Programa a partir dessa ação consiste em proporcionar a inserção dos licenciandos no contexto da Educação Básica, promovendo conhecimento e convivência com o componente curricular “Ciências Sociais” no âmbito escolar – suas características, funcionamento e demandas, bem como preparando os estudantes para atuarem com metodologias, recursos e estratégias consolidadas e inovadoras de ensino e aprendizagem. Também promove a aproximação e a troca de saberes entre a Educação Básica e a Educação Universitária, alimentando a produção de conhecimento e estimulando a formação continuada de docentes em exercício. Fomenta, por sua vez, a produção de recursos e de materiais didáticos a partir dos saberes já constituídos nas áreas dos licenciandos e das escolas de Educação Básica envolvidas, bem como por meio dos processos de investigação e de experimentação criativa, contribuindo, assim, com discussões acerca de propostas curriculares e de políticas educacionais públicas voltadas para o âmbito educacional e profissionalizante. D) Para a possibilidade de atuação dos licenciandos nas Educação Básica, foram estabelecidos diversos acordos, no âmbito da UFMG, com as principais escolas da rede pública municipal e estadual de Belo Horizonte e região metropolitana, bem como algumas escolas particulares.
iv) Projetos de extensão ou ações de popularização
A) Como ações de popularização, o Programa conta com o Amerek, especialização lato sensu que constitui uma das poucas formações no Brasil em divulgação científica, portanto, inovando para além do contexto mineiro. O curso é fortemente interdisciplinar e coloca em interação áreas profissionais diversas, tais como o ensino de ciências, o jornalismo científico, ambiental e de saúde, a editoria, a comunicação institucional e empresarial, e o setor dos centros e museus de ciência e tecnologia. Destinado a cientistas e gestores de instituições que querem aprender a se comunicar com públicos amplos, a jornalistas que visam se especializar na cobertura de temas de Ciência, Tecnologia e Inovação, o Amerek interessa ainda a educadores da rede básica. A escolha deste projeto, portanto, além de sua robustez (consolidado e ativo desde 2019), se deve ao fato de ter aderência com todos os cinco objetivos do Programa: promover a produção de conhecimento sociológico inovador, socialmente referenciado e contemporaneamente relevante; fornecer capacitação de excelência em pesquisa sociológica, com ênfase na interdisciplinaridade e em metodologias consolidadas e inovadoras de produção e análise de dados; promover a cooperação acadêmica entre docentes, discentes e pesquisadores, no âmbito regional, nacional e internacional; promover interfaces entre a academia, o Estado e a sociedade civil; e garantir a democratização e a divulgação do conhecimento. B) O curso conta com a participação de vários docentes do Programa, contemplando todas as linhas, e com mestrandos e doutorandos estagiando em algumas das disciplinas do curso. C) Além de oferecer sensibilização e treinamento de alto nível para jornalistas, educadores e cientistas, o Amerek organizou uma força-tarefa interdisciplinar, em 2020-2021, de solidariedade e combate ao coronavírus. A iniciativa, que envolveu profissionais e alunos de diversas regiões do Brasil, produziu cartilhas, podcasts, infográficos e vídeos de informação para o público brasileiro, em geral, e para grupos específicos, em particular (imigrantes, indígenas, idosos, moradores da áreas rurais), como forma de combate à “infodemia” de desinformação e também rumo à construção de ações de mobilização social. Os produtos também foram traduzidos para línguas indígenas, espanhol, creole, chines e árabe, ajudando tanto com informações para a prevenção da doença, quanto na geração de renda, acesso a auxílios etc. A Força-Tarefa fez parte da Rede Nacional de Combate à Desinformação (RNCD). D) Por meio do Amerek, o Programa de Pós-graduação passou a estabelecer redes de colaboração com o Instituto Serrapilheira, com o Instituto Nacional para a Comunicação Pública da Ciência (INCT-CPCT, sediado na Fiocruz-RJ), e com o Festival Internacional de divulgação científica “Pint of Science”. Além disso, foram feitas palestras, lives e orientações de profissionais e entidades importantes no cenário da comunicação das ciências brasileira, como a Agência Bori de notícias, o portal Dráuzio Varela de informação em saúde, e influenciadores e divulgadores de renome, como a bióloga Natalia Pasternak e o divulgador Atila Iamarino.
v) Produção técnica
A) O Programa possui uma gama de produtos que se configuram como produção técnica - como bancos de dados, relatórios técnicos e materiais para divulgação científica produzidos em consultorias contratadas por diversos órgãos públicos e da sociedade civil, no Brasil e no exterior, tais como: Secretaria Municipal de Assistência Social de Belo Horizonte, Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (BH), Centro de Gestão e Estudos Estratégicos ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Condado de Santa Clara (na Califórnia), governo da Angola e UNESCO. Opta-se, contudo, por ressaltar, de maneira particular, o conjunto ligado à linha de pesquisa “Criminalidade e segurança pública", que vem atuando, ao longo dos anos, para produzir uma base sólida de informações (bancos de dados técnico-científicos e relatórios técnicos) destinados a subsidiar a implementação de políticas públicas de combate à criminalidade. A linha também atua a fim de sensibilizar e capacitar profissionais de segurança (por meio de cursos de formação profissional), bem como cooperar (também via eventos) para a construção de comunidades mais seguras e resilientes. Os bancos de dados e relatórios produzidos atendem ao quarto objetivo do Programa, promovendo interfaces entre a academia, o Estado e a sociedade civil, e gerando conhecimento para contribuir, desenvolver e avaliar políticas públicas. Tais produtos também podem ser lidos na chave dos dois primeiros objetivos, a saber, o de promover a produção de conhecimento sociológico contemporaneamente relevante, e produzir e analisar dados a partir da interdisciplinaridade e de metodologias tanto consolidadas quanto inovadoras. Os bancos de dados e os relatórios foram produzidos no marco das seguintes frentes: “Diagnóstico da Violência, Criminalidade e Desordem Urbana do Município de Contagem”; “OSEP-Municipais: Implementação de Observatórios Municipais de Segurança Pública” (consultoria para o Governo Federal); “Diagnóstico Quantitativo sobre os Direitos das Crianças e dos Adolescentes de Belo Horizonte” e “Monitoração eletrônica criminal: evidências e leituras sobre a política do Brasil”, realizado para o Conselho Nacional de Justiça. B) Tais ações foram executadas pelo Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (CRISP), relacionado de maneira umbilical com a linha de pesquisa “Criminalidade e segurança pública", que vem formando especialistas desde a década de 1980 e já coordenou diversos projetos nacionais e internacionais voltados para o entendimento das dinâmicas criminais, o funcionamento das organizações policiais e a estruturação de programas de gestão, monitoramento e avaliação de intervenções para a redução da violência. Fazem parte do CRISP e de tais iniciativas todos os professores da linha de pesquisa, quais sejam, quatro docentes permanentes e um colaborador, além de um egresso do Programa, oito alunos de pós-graduação e cinco de graduação/iniciação científica, além de residentes pós-doutorais. C) A equipe contribuiu para melhorar o entendimento sobre os desafios específicos de cada município e fornecer informações para o desenvolvimento de estratégias de segurança pública mais eficazes. Visou-se também fortalecer o controle social da política de atendimento aos direitos das crianças e adolescentes e informar sobre o ciclo penal e o ciclo socioeducativo a partir do controle da superpopulação prisional. D) As ações supracitadas contaram com parcerias longevas que foram estabelecidas e permanecem em andamento com diversas instâncias locais, como a Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania, a Prefeitura de Contagem, o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o Conselho Nacional de Justiça, e o Governo Federal.